Com apenas uma noção básica de como se localizar, é possível observar a passagem de satélites artificiais, estações espaciais ou de um dos ônibus espaciais quando eles encontram-se em missão.
Essas visualizações não precisam de instrumentos e tem hora marcada para ocorrer. É bem interessante quando uma "estrela" aparece no céu no horário previsto e se desloca de uma maneira previsível.
Devo admitir, porém, que a maioria dos meus encontros com esse tipo de evento ocorreu de modo mais inesperado do que proposital. De um modo geral, quem observa o céu vê mais meteoros e satélites do que o transeunte desavisado passeando pela cidade.
Por exemplo, na foto abaixo, eu estava fazendo uma longa exposição de Órion quando um meteoro "estragou" minha foto.
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O meteoro deixou um risco na imagem. |
Já na imagem abaixo, eu esperava pela passagem da Estação Espacial Internacional (ISS). De longe o maior (e bastante brilhante) pedaço de metal flutuando no espaço da Terra. Se tivesse feito uma exposição maior, teria registrado um "risco" ao longo de quase todo céu.
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Incrível como a gente não repara nisso todo dia... ISS no céu do RJ. |
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Fotograma isolado da ISS. A forma só aparece se você perseguir ela com o telescópio. Nessa imagem borrada, pode-se notar os dois grupos de painéis solares da estação. |
ISS interceptada pelo meu telescópio.
Tipicamente, esses objetos parecem estrelas de magnitudes diferentes voando muito alto e mais rápido que um avião, porém mais lentamente que um meteoro. Ocorrem num momento em que o Sol está abaixo do horizonte (ao nascer e ao se pôr) e num ângulo tal que a luz do Sol que bate nele, é refletida até nossos olhos.
Portanto, para que seja possível prever um evento desses, temos que saber nossa localização no mapa, sincronizar o relógio com a
hora certa, saber nosso fuso horário e para onde olhar (em termos genéricos, não é preciso ser exato).
Vá ao site
Heavens Above e selecione no mapa de
onde você estará olhando e o fuso horário.
Depois escolha o alvo da sua observação. Recomendo a ISS ou o HST(Hubble) ou um Iridium Flare. A Iridium planejava estabelecer um telefone mundial, que pegassem em qualquer lugar do globo, inclusive na ilha de Lost. Para isso, entulhou o espaço com mais de 100 satélites. O projeto foi um FAIL sideral. Cada um desses satélites têm 3 antenas lisas, parecendo portas de metal. Num ângulo e momento certo, elas brilham muito por um breve momento.
Em cada uma das páginas de informação haverão 3 informações básicas para cada umas das etapas do evento (início, ápice ou altura máxima e fim):
Magnitude: A intensidade do brilho, quanto mais negativo, mais brilhante, quanto mais positivo, menos brilhante e mais invisível a olho nú. Procurem eventos com pelo menos magnitude menor que +1.
Hora: Autoexplicativo
Latitude (Alt.): Imaginando que o horizonte fica numa latitude = 0º e o "ponto mais alto do céu" a 90º, essa medida indica o quanto você tem que inclinar a cabeça para trás. Se tiver um transferidor escolar ajuda um pouco, mas como falado, basta ter uma noção de onde, já que o ponto de luz vai chamar sua atenção.
Azimute (Az.): Indica para que lado você deve ficar de frente. Pode ser dado em Norte, Sul, etc.. ou em graus, sendo o Norte 0º, Leste 90º, Sul 180º e Oeste 270º, podendo ter valores entre estes grandes números, mas novamente, não é preciso tanta exatidão.
Ultimo comentário:
Em novembro está progamado um vôo do ônibus espacial, ultima chance de vê-los voando já que eles vão ser desativados. Esbarrei com um deles quando ele estava se separando da Estação espacial e foi bastante interessante.
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ISS seguido do ônibus espacial Atlantis em processo de retorno à Terra. Fotografia feita à mão em pequena exposição. |
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Notícia no site da Nasa no dia (24/05/2010). |
Boa caça!