terça-feira, 21 de setembro de 2010

Da vez que perdi a chance de virar milionário e ficar famoso

Quando recebi o novo telescópio em janeiro/2010, Júpiter estava no oeste, se pondo logo em seguida ao Sol. Como a minha “janela” de observação para este setor não é muito boa, tive que esperar o planeta “sair de trás do Sol” para vê-lo no leste.


Simulação utilizando o Celestia da posição dos planetas em março/2010

Em março ele começava a se destacar do sol, e brilhava por alguns minutos antes que o brilho do Sol ofuscasse a sua presença.

O pontinho é Júpiter, ainda muito perto do Sol
Observar algo perto do horizonte, através de uma camada grossa de ar, iluminada e começando a ser aquecida pelo sol é garantia de imagens ruins, mas comecei a registrar o aparecimento do planeta mesmo assim. É legal acompanhar a movimentação dos planetas, principalmente Mercúrio, no seu “ano” de quase 3 meses em torno do Sol.




Jupiter em março/2010 bastante distorcido pela atmosfera.
Mercúrio "do lado do Sol" em fase crescente (outro momento do ano).
Mercúrio umas duas semanas depois, um pouco mais "atrás" do Sol

Em abril já estava mais fácil registrar alguns satélites e alguns detalhes da atmosfera joviana já eram visíveis.

Luas de Júpiter em Abril.

Júpiter em abril/2010.
 
Filme da observação de Júpiter em abril. Ainda não havia colocado o motor para acompanhar o planeta, então é possível ver quão rápido ele passa pelo telescópio nesse aumento. No audio, os sons da natureza que acompanham os astrônomos na madrugada. No caso do Astrônomo de Apartamento, de vez em quando canta uma buzina da mata atlântica.

Júpiter em abril/2010 - imagem resultante do empilhamento dos frames do filme acima. O soft Registax seleciona as imagens menos distorcidas, alinha as mesmas e as empilha, destacando detalhes e sumindo com efeitos transitórios como ruídos e algumas distorções.

Nesse momento comecei a dar falta de uma das faixas equatoriais, mas como minha referência anterior era ruim (meu outro telescópio), eu cheguei a conclusão óbvia de que eu estava fazendo alguma caca ou minha ocular não era boa o suficiente ou que eu precisava de um telescópio maior ainda... Qual seria a chance do planeta ter sofrido uma mudança radical e de proporções históricas?



No dia 12/05/2010 tirei uma boa foto do planeta (esse assunto já estava esquecido a essa altura) e no dia 14/05/2010 vejo essa reportagem no Globo Online. A explicação do fenômeno veio em junho.


Minha melhor imagem de Júpiter feita com uma câmera Panasonic emprestada de um amigo solidário à causa. A faixa tinha se reduzido a um risco...
Anthony Wesley, da Austrália fez sua descoberta no início de maio.

“Eu já sabia!” foi o pensamento... Fiquei bolado. E fiquei bolado com o que havia acontecido ao planeta também. Depois pensei na multidão que deve ter observado o planeta e não reportou isso. Júpiter é um planeta muito bonito e colorido... é figura fácil pra qualquer um que observe o céu.

Meus planos de sucesso foram adiados... por enquanto... estou jogando na Megasena e não tem como esse plano dar errado.

Aproveitando o post, essa semana Júpiter está no ponto mais próximo da sua trajetória dos últimos 50 anos, vale uma olhada, mesmo que sem equipamento. Ele está onde o sol nasce, logo após o anoitecer, é a "estrela" mais brilhante no céu. Segue reportagem do mesmo jornal (para manter a uniformidade).




Os planetas em 21/09/2010 - Note a Terra "perto" de Júpiter.
Inté!

2 comentários:

  1. Putz... Perdi a oportunidade de contar pra todo mundo que meu amigo tinha feito a descoberta astronômica do século...

    ResponderExcluir
  2. Pois é... a ciência e a humanidade perderam como um todo... Obrigado pela solidariedade!
    :-)

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário científico (not!) após o bipe.